Future me

Já faz um ano e meio que estamos presos em nossos mundos, com medo de um vírus devastador e ansiosos por uma volta a normalidade que, a essa altura do campeonato, parece utópica.

Pessoas estão tristes, andando como verdadeiros zumbis, loucas por algo novo, por algo que faça o coração vibrar, que alimente a fé, que torne a vida menos cinza, qualquer tom pastel já é lucro. Qualquer coisa que nos motive a sair da cama está valendo.

Passamos por um momento em que a história nos ensinou que amar a distância, em tempos de pandemia, é o maior ato de amor, acontece que ninguém explicou bem quais os termos desse ato grandioso.

Amar o OUTRO a distância é um grande ato de amor em tempos de pandemia. Quando estar próximo causa risco, é de longe que a atenção se faz necessária e é no longe que a gente se fez perto, protegendo quem amamos. Mas qual foi o preço pago? Porque sim, tudo tem um preço, até os bons atos.

A solidão já te fez companhia?

O afeto já lhe fez falta?

A dor de uma ferida curada já latejou tarde da noite?

O eco já gritou na sua mente hoje?

Esse é o preço, mas ele é como juros de uma conta, só percebemos no longo prazo o verdadeiro tamanho dessa divida. O amor a distância ressignificou o toque e a mais de 500 dias evitando contato físico o corpo sofre de uma abstinência descomunal.

E não pense que estou falando de algo sensual ou sexual, estou me referindo a afeto, ao toque de mãos, a um abraço, ao leve roçar de dedos. É sobre tocar o outro e ser tocado! É sobre tirar o medo de dentro do peito e dar lugar as coisas boas. É sobre não se isolar.

Perdi as contas de quantas vezes dancei ao som de “Future me” da Mega, tendo ninguém mais que o medo e ansiedade como par. Eles dançam bem, mas seu toque é frio e não apazigua o coração, muito pelo contrário, esmaece a esperança. Eles sussurram fatos tristes e te fazem acreditar que o passado será futuro, e lentamente o presente deixa os sentimentos bons, que ainda restam, escoar por entre as mãos e a capacidade de se refazer vai se deteriorando com o tempo.

Mas para todas as pessoas que se sentem desesperadas, ansiosas, mal amadas… não desistam do seu futuro eu. A divida que pagamos é alta, mas ela é alta porque a moeda em que pagamos tem um valor monetário gigantesco porque ela é muito valiosa. Nossa divida é paga em amor, porque amando à distância, amamos com muita fé. Então não tenha medo nem pressa pelo futuro, apenas lembre que você tem muito a oferecer e a incrível eu do futuro é uma pessoa livre de dividas emocionais e muito grata a tudo que a maravilhosa eu do passado fez.

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